VISÃO ANALÍTICA ENTRE APARELHOS AUTOLIGÁVEL E CONVENCIONAL: HÁ DIFERENÇAS SIGNIFICATIVAS ENTRE OS DOIS SISTEMAS?

ANALYTICAL VIEW BETWEEN SELF-CONTAINED AND CONVENTIONAL DEVICES: ARE THERE SIGNIFICANT DIFFERENCES BETWEEN THE TWO SYSTEMS?

1BORGES, Daiane Ximenes ; 2PAULIN, Ricardo Fabris

1Daiane Ximenes Borges – Cirurgiã-dentista, especialista em Ortodontia, Brasília-DF.

2Ricardo Fabris Paulin – Mestre e Doutor em Ortodontia (Unesp/Araraquara); Professor Titular da Universidade Paulista, campus Brasília; Coordenador do curso de Odontologia ICESP.

Contato: Daiane Borges Ximenes [email protected]

RESUMOUm dos maiores desafios da Ortodontia é buscar meios para se obter menor fricção durante o tratamento ortodôntico. Diante disso, surgiram os aparelhos autoligáveis com a promessa de encurtar o tempo de tratamento e baixa fricção, que mesmo parecendo uma grande novidade, seu conceito teve origem em 1929. Ao contrário dos bráquetes convencionais, os autoligáveis não necessitam de ligaduras, sejam elásticas ou metálicas, possuindo um clipe que prende o fio a canaleta. Mas diante da confiabilidade dos bráquetes convencionais, muito se questiona se realmente os autoligáveis são superiores aos convencionais, principalmente diante de propagandas apelativas e de seu alto custo. Este trabalho teve como objetivo apresentar uma revisão de literatura com estudos comparativos sobre os sistemas convencional e autoligável de bráquetes, avaliando se há diferenças entre ambos os sistemas. A conclusão foi que não há diferenças significantes entre os sistemas convencionais e autoligáveis.Palavras chave: aparelho autoligável; bráquetes ortodônticos; bráquetes ortodônticos autoligáveis; fi os ortodônticos nos bráquetes autoligáveis; fricção nos autoligáveis.ABSTRACTOne of the greatest challenges of orthodontics is to fi nd ways to obtain less friction during orthodontic treatment. In view of this, the self-ligating devices emerged with the promise of shortening the treatment time and low friction, which even seemed a great novelty, its concept originated in 1929. Unlike conventional brackets, self-ligating brackets do not require bandages, whether elastic or metallic, possessing a clip that holds the wire to the channel. But given the reliability of conventional braquets and the scarcity of effi  cient studies self-ligating brackets, much questions whether self- ligating brackets are superior to conventional brackets, especially in the face of appealing advertisements and their high cost. This work aimed to present a literature review with comparative studies on conventional and self-ligating bracket systems, whether there are diff erences between both systems. The conclusion was that there are no signifi cant diff erences between conventional and self-ligating systems.Key words: self-ligating appliances; orthodontic brackets; self-ligating orthodontic brackets; orthodontic wires in self-ligating brackets; friction in self-ligating.

Enviado: Março 2020

Revisado: Maio 2020 Aceito: Julho 2020

INTRODUÇÃO

Os bráquetes autoligáveis causaram um grande impacto na Ortodontia (CASTRO, 2009), devido a sua capacidade de fazer por si próprio a ligação bráquete/fi o sem o uso de ligaduras ou amarrilhos, o que supõe uma capacidade de redução do atrito. Essa redução da força de atrito se deve, além do deigne do bráquete, aos tipos de ligas dos fi os ortodônticos (PRIETO et al, 2016).

A popularização dos bráquetes autoligáveis se deu principalmente pelo apelo comercial dos fabricantes e pelo conhecimento pitoresco de uma ligação mais rápida do fi o a canaleta, menor acúmulo de placa bacteriana, publicidade de tratamento sem extrações, menos consultas e maior efi ciência nas etapas de alinhamento, nivelamento e deslizamento. Além disso, é considerada comercialmente, a principal diferença entre os autoligáveis e os convencionais é a logística na mecânica da ligação, que nos convencionais é feita por ligaduras metálicas ou elásticas, e nos autoligáveis ocorre por meio de um clipe metálico ou cerâmico presente nos bráquetes. Desde que surgiram, os bráquetes autoligáveis passaram por constantes evoluções e foram classifi cados em três tipos: ativos, passivos e interativos. No entanto, a tendência é que sejam classifi cados em parede ativa e parede passiva (FABRE et al, 2015).

A expectativa do paciente em realizar o tratamento com aparelho autoligável é alta, enquanto que o resultado clínico é muitas vezes frustrante, principalmente pela falta de experiencia e conhecimento dos conceitos que norteiam o uso dos autoligáveis. O adequado conhecimento e domínio da técnica contribui para se alcançar as expectativas e justifi car o alto investimento desse sistema (ZANELATO, 2009). No entanto, a literatura tem poucos estudos que comprovam a efi ciência do tratamento diferencial do autoligável, sendo mais dados referentes a propagandas e congressos, o que faz com que muitos ortodontistas continuem utilizando o protocolo convencional (MALTAGLIATI, 2009).

Diante desses dados, este trabalho teve como objetivo fazer uma análise crítica sobre existência de diferenças entre os sistemas convencional e autoligável, através de uma revisão de literatura, apontando estudos publicados que avaliaram ao longo do tempo, se realmente há alguma diferença entre os dois sistemas.

REVISÃO DE LITERATURA

O termo autoligável é utilizado para defi nir os bráquetes que são capazes de fazer a ligação com o arco de nivelamento por meio de um dispositivo mecânico construído no próprio acessório com a fi nalidade de fechar a canaleta do bráquete (PRIETO et al, 2016). Os bráquetes autoligáveis têm sido apresentados como um diferencial na ortodontia, mas não há informações sufi cientes verdadeiramente comprovadas a longo prazo da superioridade dos autoligáveis que justifi que seu alto custo (PRIETO et al, 2016). A maioria das informações são de origem comercial das empresas fabricantes, relatos de casos e congressos. Os relatos de caso não são consecutivos ou selecionados aleatoriamente, não representando média de variedade de casos encontrados no cotidiano do profi ssional (CASTRO, 2009).

Os bráquetes vêm evoluindo com o passar do tempo, e essa evolução está marcada por uma busca constante em se posicionar corretamente os dentes nos planos sagital, transversal e axial, além de uma constante busca por tratamentos mais breves e resultados mais rápidos, que dependem da efi cácia do tratamento ortodôntico, e essa se baseia no correto diagnostico e na resposta biológica do paciente frente a biomecânica proposta pelo ortodontista (ESTEL et al, 2016).

A técnica Edgewise surgiu em 1929 e foi proposta por Angle, passando por várias modifi cações (PINHEIRO et al, 2009). Desde 1935 Russel afi rmava que era dispensável o uso de amarrilhos na ortodontia. Assim, nesse mesmo ano foi lançado os bráquetes Russel Lock, que propunha diminuir o atrito e as forças, sendo considerado um aparelho pré- ajustado. Na década de 1960 Andrew propôs uma grande transformação nos bráquetes ao sugerir a troca das dobras de primeira, segunda e terceira ordens por ranhuras nos bráquetes e a utilização do “arco reto”, conhecida como técnica “strigh-wire” que foi muito bem aceita no mundo todo. Essa técnica teve modifi cações em detalhes de angulação, mas o conceito de transferir ao bráquete a possibilidade de movimentação dentária se manteve, surgindo outras versões como Roth e MBT. Em 1980 foi lançado o sistema “Speed”, que apresentava dimensões reduzidas e possuía uma tampa que deslizava verticalmente fechando a canaleta. Em 1999 foi lançado o bráquete “Damon”, com arco de canto. Em 2003 foi lançado o sistema “In-Ovation R”, sistema autoligável passivo (MARTINS NETO et al, 2014).

Os bráquetes autoligáveis foram classifi cados em ativos, passivos e interativos. Nos autoligáveis ativos, o sistema pressiona o fi o dentro da canaleta; nos autoligáveis passivos o sistema permite a liberdade do fi o na canaleta; e nos autoligáveis interativos a pressão ocorre em fi os mais calibrosos, mas permitem liberdade para fi os menos calibrosos (SATHLER et al, 2011; MARTINS NETO et al, 2014; FABRE et al, 2015; PRIETO et al, 2016). No sistema passivo, o fechamento da canaleta não faz pressão sobre o arco, funcionando como um tubo que melhora o desempenho no deslizamento, mas é considerado ruim no controle de rotação e inclinação. Já nos ativos, as presilhas fl exíveis que fecham as canaletas só pressionam o arco a partir do arco com “0.018 pol., produzindo baixo atrito nos arcos redondos iniciais e aumentando o atrito e controle de torque nos arcos retangulares (ZANELATO, 2009).

A primeira fase do tratamento ortodôntico fi xo é o alinhamento dentário, que depende de uma resposta rápida e previsível do sistema bráquete/arco ao alinhamento. Um alinhamento efi ciente é representado pelo equilíbrio entre a velocidade ideal do movimento dentário e a restrição de potenciais danos aos dentes e estruturas periodontais com um mínimo de desconforto produzido. O principal fator envolvido no desconforto do paciente é a quantidade de força aplicada aos dentes pelo fi o ortodôntico, principalmente durante os estágios iniciais do tratamento. Um estudo clinico procurou comparar o grau de desconforto dos pacientes no período inicial da movimentação ortodôntica entre os sistemas convencional e autoligável. Foram selecionados 62 pacientes (32 homens e 30 mulheres) com idade média de 16.3 anos, apinhamento de incisivos entre 5 e 12 mm e com prescrição de extração de primeiros pré-molares inferiores. Os sistemas escolhidos para esse estudo foram autoligável Damon3 e convencional Synthesis pré-ajustado. Não foram encontradas diferenças signifi cativas nos níveis de desconforto percebidos entre os pacientes dos dois grupos, não sendo diferente no primeiro momento e não se desenvolveu de maneira diferente nos tempos de medição subsequentes (SCOOT et al, 2008).

Há relatos na literatura de que os bráquetes autoligáveis apresentam menor acumulo de placa bacteriana em relação aos bráquetes convencionais, além dos pacientes com bráquetes autoligáveis apresentarem menor número de bactérias na boca, visto que, sem as ligaduras elásticas usadas nos bráquetes convencionais, há menos retenção de placa bacteriana (SATHLER et al, 2011; CASTRO, 2009). Os acessórios ortodônticos contribuem para o acúmulo de placa bacteriana e torna difícil manter uma higiene adequada. A adesão de microrganismos à superfície dental é explicada como resultado de reações específi cas, interações estáticas e forças de Van der Waals, mas depende do tipo de superfície e sua capacidade de reter microrganismos, causando alteração gengival/periodontal e cariogênica, demonstrando que pacientes em tratamento ortodôntico são mais susceptíveis a doenças periodontais e manchas brancas, já que os aparelhos ortodônticos funcionam como uma “armadilha” que retém microrganismos. Um estudo comparou a resposta gengival em pacientes com aparelhos convencional e autoligável. Nesse estudo, foram incluídos 22 pacientes com idade entre 16 e 30 anos, divididos em dois grupos: Grupo A tratados com aparelho autoligável sistema Damon e Grupo B tratados com aparelho convencional técnica de Roth. o estudo apontou que a resposta gengival dos pacientes que realizaram tratamento com o sistema convencional e com o sistema autoligável foi semelhante e que não houveram diferença estatística signifi cativa entre os grupos A e B (FOLCO et al, 2014).

A reabsorção radicular externa é considerada como uma consequente iatrogenia do tratamento ortodôntico. No entanto, deve-se considerar que uma correção mais rápida da má oclusão pode levar a efeitos colaterais indesejáveis. Por outro lado, o emprego de forças mais leves geralmente causa menos reabsorção (HADEM et al, 2016). Na literatura não há evidencias de diferenças na reabsorção radicular entre os dois sistemas convencional e autoligável (SATHLER et al, 2011), fato este que se sustenta por um estudo que procurou avaliar o grau de reabsorção radicular entre pacientes com aparelho autoligável Sistema Damon e pacientes com aparelhos convencionais. Foram selecionados 52 pacientes de ambos os sexos, má oclusão Classe I leve a moderada, dentição permanente, sem necessidade de extração. O estudo dividiu os pacientes em dois grupos. Para avaliar o grau de reabsorção dos incisivos superiores e inferiores foram utilizadas radiografi as periapicais, que foram avaliadas antes do início do tratamento e após a fi nalização do tratamento, num total de 208 radiografi as. De acordo com o coefi ciente Kappa de reabsorção, que foi de 0.749, não houveram diferenças signifi cativas entre os 2 grupos no fi nal do tratamento, no entanto, o grupo II apresentou mais pacientes com score 0 do que o grupo I e, o grupo I apresentou mais pacientes com score 1 do que o grupo II, e o score 3 foi semelhante em ambos os grupos (HADEM et al, 2016).

O estudo de PANDIS, 2010 avaliou as alterações na inclinação dos incisivos inferiores e na distância intercanina e intermolar após a fi nalização do tratamento ortodôntico entre aparelhos autoligáveis e convencionais. Para isso foram selecionados 56 pacientes que foram acompanhados do início ao fi nal do tratamento pelo mesmo profi ssional. Os critérios de seleção dos pacientes foram ausência de extrações, todos os dentes inferiores erupcionados, ausência de espaços no arco mandibular, índice de irregularidade mandibular superior a 2 mm, nenhuma intervenção terapêutica adjunta envolvendo para-choques labiais ou aparelhos de expansão. Os pacientes foram divididos em 2 grupos, grupo I tratados com bráquetes convencionais Edgewise prescrição Roth, slot de 0.022 polegadas e grupo II tratados com bráquetes  autoligáveis  Damon2,  slot de 0.022 polegadas foram colados tubos em todos os molares. O apinhamento anteroinferior foi avaliado pela Análise de Variância Unidirecional e as medições foram realizadas nos modelos iniciais e fi nais com pinça digital de ponta fi na. Os resultados demonstraram que houve um aumento geral na inclinação dos incisivos inferiores com alivio do apinhamento nos dois grupos de bráquetes, não havendo diferenças signifi cativas entre ambos; a distância intercanina foi semelhante nos dois   grupos, no   entanto,   a  distância intermolar foi maior no grupo dos autoligáveis.

O todo utilizado na ligação entre o fi o e o bráquete pode infl uenciar o atrito entre o bráquete e o fi o. Estudos tem demonstrado que o método de ligação convencional aplica força sobre o fi o que o empurra contra a profundidade do slot, levando ao aumento do atrito, e que no método autoligável há uma redução signifi cativa do atrito por não necessitar de ligaduras. No entanto, é sabido que nem todos os bráquetes autoligáveis se comportam da mesma maneira, de forma que os autoligáveis ativos demonstram maiores forças de atrito em comparação com os autoligáveis passivos, com arcos de 0.017 pol., devido a presença do clipe de mola que fecha o slot e entra em contato com o fi o quando este for maior que 0.017 pol.. Os autoligáveis passivos possuem um slide para fechar o slot, transformando-o em um tubo de 0.022x 0.028 pol., que demonstra melhorar a mecânica de deslizamento ortodôntico durante o fechamento de espaços, apontando, ainda que, forças de atrito mais leves em uma parte do arco aumenta o alinhamento do arco adjacente, tornando o tratamento mais rápido (CORDASCO et al, 2009).

Há uma concordância na literatura de que os bráquetes autoligáveis produzem menos atrito que os bráquetes convencionais, em especial porque não necessitam de ligaduras para prender o fi o. É dito que as ligaduras metálicas produzem apenas de 30% a 50% do atrito promovido pelas ligaduras elásticas, enquanto que as ligaduras em formato de “8” aumentam o atrito de 70% a 220% em comparação as ligaduras em forma de “0”, comprovando que a dispensa de ligaduras gera níveis mais baixos de atrito. No entanto, na utilização de arcos mais calibrosos e retangulares, as forças friccionais ocorrem com proporções maiores nos bráquetes autoligáveis em relação aos bráquetes convencionais. A severidade do apinhamento também aumenta o atrito, o que torna os dois sistemas semelhante (ZANELATO, 2009; SATHLER et al, 2011; PRIETO et al, 2016). Um estudo in vitro comparou as propriedades de atrito de quatro tipos de bráquetes autoligáveis e três tipos de bráquetes convencionais, para determinar a força necessária para passar três fi os padrão através dos bráquetes. Os sistemas autoligáveis escolhidos foram Speed, Ovação e Time interativos e Damon2 não interativo; os sistemas convencionais escolhidos foram Time, Victory Twin e Discovery. Os resultados apontaram que o atrito nos diferentes tipos de bráquetes dependiam das diferentes dimensões. Os bráquetes autoligáveis apresentaram menores valores friccionais que os bráquetes convencionais apenas com fi o SS 0.018×0.025 pol.; nas dimensões de 0.019×0.025 pol. os bráquetes convencionais demonstraram menores valores friccionais que os bráquetes autoligáveis (REICHENEDER et al, 2008).

Os bráquetes autoligáveis ao reduzirem o atrito, torna o deslizamento do fi o pelo bráquete ou vice-versa melhor, diminuindo a resistência do dente à movimentação. Então, se o fi o desliza com facilidade, haverá liberdade na movimentação dentária, visto que os dentes não estão amarrados ao fi o que apenas passa pelas canaletas de seus bráquetes, e, mesmo em fi os de baixo calibre, a defl exão do fi o só ocorrerá com a angulação dos dentes em direção ao tracionamento ao tocar o fi o em ângulos opostos, tornando o efeitos colaterais mais suaves. Nos fi os mais calibrosos, o deslize será facilitado sem aumento excessivo da força na produção do movimento, protegendo os dentes de ancoragem. No entanto, para que o sistema tenha um adequado funcionamento, é fundamental associar aos bráquetes autoligáveis fi os de pequeno calibre (para permitir o deslize) que liberem forças extremamente leves (para melhorar a relação momento x força, em especial, nos casos de apinhamento) e que sejam altamente fl exíveis. O fi o que mais se enquadra nesses parâmetros é o de liga de níquel titânio (NiTi) termoativada. Os fi os de NiTi, embora não apresentem a melhor performance na relação atrito (que é melhor com o fi o de aço inoxidável) tem alta fl exibilidade e baixo patamar de força, mesmo em situações de grande defl exão e possui a propriedade de memória de forma, que é muito importante na manutenção da ativação do fi o sem perder efi ciência de movimentação diante da defl exão que sofre ao ser posicionado no arco (MALTAGLIATI, 2009).

As evidencias para menos atrito se dá nos arcos iniciais, cujos diâmetros nos autoligáveis são menores provocando menos atrito, ao passo que com o aumento do diâmetro dos arcos, o atrito torna-se mais evidente, igualando-se ao atrito dos bráquetes convencionais. No entanto, a menor fricção entre o bráquete e o arco é o ponto fundamental de algumas afi rmações em relação aos autoligáveis apresentarem menor nível de força durante a fase de alinhamento, dando maior expansão lateral do arco dentário, minimizando a vestibularização dos incisivos inferiores sem a necessidade de extrações (HOMEM et al, 2014). Um dos princípios básicos da mecânica de movimento é a obtenção de espaço prévio no arco quando há apinhamento, na fase de nivelamento, visto que nivelar dentes mal posicionados sem obter espaço prévio leva ao deslocamento indesejado dos dentes adjacentes, provocando efeitos como abertura de mordida, protrusão dentaria, mudança na angulação e inclinação, além de menor estabilidade ao fi nal do tratamento (MALTAGLIATI, 2009).

O estudo in vitro de PANDIS; ELIADES; BOURAUEL, 2009 comparou a magnitude das forças de diferentes sistemas de bráquetes durante o alinhamento e nivelamento ortodôntico inicial. Para esse estudo, foram confeccionadas réplicas em resina da mandíbula de um paciente, a partir do seu modelo de gesso. Três tipos de bráquetes foram escolhidos para esse estudo, o convencional Orthos 2 (Ormco), o autoligado passivo Damon2 (Ormco) e o autoligável ativo In-Ovation R (GAC), todos com slot de 0.022 pol. e o mesmo tipo de prescrição. o alinhamento e nivelamento ortodôntico foi simulado no OMSS no incisivo lateral, e pré-molar do quadrante direito, onde foram simulados diferentes graus de desalinhamento. Os resultados apontaram movimento extrusivo e bucal no incisivo lateral apinhado e com inclinação lingual no Damon2, que demonstrou menor força no plano vertical (intrusão-extrusão), com geração de força na direção buco lingual. No canino houve força de extrusão com o Damon2, posicionando-o para a lingual e gerando forças verticais maiores. Não houveram diferenças entre os três sistemas em relação ao movimento buco lingual; as forças aplicadas no alinhamento do pré-molar, no plano vertical, apresentaram maiores valores com os bráquetes convencionais (PANDIS; ELIADES; BOURAUEL, 2009).

Para se obter um movimento controlado dos dentes, o ideal é que se use forças leves e contínuas. O alinhamento deve liberar essas forças e transmiti-las em uma ampla faixa de ativação. Um dos fi os que apresentam essas características é o NiTi, que tem boa elasticidade, baixa rigidez e memória de forma, o que o torna uma escolha interessante para os estágios iniciais do tratamento. Outro fator importante é a sequência correta dos fi os, embora se saiba que o atrito entre o fi o e o bráquete e entre o fi o e o sistema de ligação podem afetar a força liberada nos dentes do paciente. Em estudos publicados foi relatado que os bráquetes convencionais apresentam menores forças de defl exão, enquanto que os bráquetes autoligáveis apresentam as maiores forças (HIGA et al, 2016). Um estudo procurou avaliar as forças de defl exão do fi o ortodôntico de Níquel-Titânio (Nitinol) em diferentes tipos de bráquetes. A amostra deste estudo consistiu em 400 fi os de Nitinol de secção redonda com diâmetro médio de 0.014, 0.016, 0.018 e 0.020 polegadas e cinco diferentes tipos de bráquetes: metálico, policarbonato reforçado com ranhuras metálicas, safi ra, autoligável ativo e autoligável passivo. A defl exão dos fi os ortodônticos foi realizada em um dispositivo de simulação clinica fi xada por meio de rosca e parafuso ao fundo de uma placa de resina acrílica, que consiste em uma placa de acrílico em forma de parábola, representando os dentes superiores. O resultado desse estudo mostrou que a força de desativação aumentou com o aumento da quantidade de defl exão; o fi o 0.014 apresentou resultados irregulares em diferentes desvios, grande variação na diferença de valores de força e diferenças signifi cativas entre os diferentes tipos de dispositivos. Os bráquetes autoligáveis apresentaram maiores forças em desvio de 2mm em comparação aos convencionais, gerando forças signifi cativamente mais altas, mas na defl exão de 3mm, apresentaram forças menores, porque fi os de menores diâmetros liberam forças menores. Os fi os de Nitinol de 0.018 e 0.02 polegadas demonstraram maiores forças nos bráquetes autoligáveis passivos e, a partir de 1mm de defl exão, os bráquetes autoligáveis mostraram maiores forças que os demais (FRANCISCONI et al, 2016).

O estudo de HIGA et al, 2016 avaliou as forças de defl exão de fi os ortodônticos retangulares em bráquetes convencionais nacionais e bráquetes autoligáveis ativos e passivos. Nesse estudo foram utilizados fi os ortodônticos de aço inoxidável e Níquel-Titânio (NiTi) das marcas GAC e Morelli e fi o NiTi com adição de cobre (Ormco). Foram montados 15 grupos e, em cada grupo foram testados 10 fi os. Os bráquetes utilizados no estudo foram pré-ajustados com largura de 0.022” (±6mm) entre slots e todos os fi os tinham secção retangular de “019×0.025 e foram desviados de 0 a 1mm. Os testes de liberação de força de defl exão do fi o foram realizados em um dispositivo de simulação clinica representando todos os 14 dentes superiores. Os fi os de aço inoxidável apresentaram altas cargas liberadas, especialmente na defl exão de 0.8mm nos bráquetes autoligáveis passivos e 1mm de defl exão em ambos os sistemas autoligáveis. O aumento da força não foi diferente entre as marcas dos fi os. Os fi os de NiTi da marca Morelli mostraram uma força crescente nos bráquetes autoligáveis ativos e passivos e nos convencionais com defl exão 0.5, 0.8 e 1mm. No entanto, somente com 0.5mm de defl exão eles foram estatisticamente signifi cantes. Nos fi os CuNiTi, houve menor liberação de força nos bráquetes convencionais, e maior força em bráquetes autoligáveis passivos. Conclui- se que os bráquetes autoligáveis liberaram maior força do que os convencionais, e que os bráquetes passivos permitem maior liberdade do fi o no slot, reduzindo o atrito e liberando forças mais altas.

O estudo de PESCE et al, 2014 comparou as forças de ativação e desativação geradas durante a defl exão de arcos de primeira ordem e avaliou o controle rotacional entre os diferentes tamanhos e tipos de fi os de NiTi, nos aparelhos convencionais e autoligáveis. O estudo foi dividido em duas partes, a primeira parte avaliou as diferentes combinações de arco/bráquetes durante a defl exão dos arcos de primeira ordem; as defl exões foram feitas utilizando-se uma máquina de teste mecânico, a Tinius Olsen H1-KS. Todos os arcos utilizados tinham 12mm, corte de secção posterior reta e arco pré-formado. A segunda parte do estudo calculou a precisão da largura do bráquete e a profundidade do slot dos bráquetes e a profundidade dos arcos com um paquímetro digital, por 3 vezes para gerar um valor médio; essas medidas foram usada para calcular previsão dos ângulos críticos entre os bráquetes para todas as combinações de arcos. Todas as medidas foram realizadas por um único examinador e posteriormente verifi cadas por um segundo examinador. Os resultados demonstraram que o aumento do tamanho do arco aumentava a força de defl exão, o que melhorava o controle rotacional principalmente nos autoligáveis, devido à ausência de ligaduras elásticas.

A retração canina é a situação clínica mais comum em que a mecânica de deslize é usada para mover um dente por uma distância relativamente grande. O estudo de MONINI et al, 2014 buscou avaliar a velocidade de retração canina, perda de ancoragem e alteração na distância intercanina e intermolar entre bráquetes convencionais e autoligados. A amostra do estudo foi composta de 25 pacientes adultos, com má oclusão de Classe I, indicação para extração dos quatro primeiros pré-molares, e discrepância de comprimento interarcos abaixo de 4mm. Os pacientes foram divididos em 5 grupos com 5 pacientes cada e a retração foi realizada em arcos SS de 0.022 polegadas amarrados aos primeiros molares. As coroas caninas foram retraídas 0.71 e 0.72 mm por mês, e os ápices foram retraídos 0.22 e 0.24 mm por mês em ambos os sistemas (autoligável e convencional) respectivamente. A retração total das coroas dos caninos no fi nal do tratamento foi de 6.92 mm no sistema autoligável e 6.97 mm no sistema convencional; a retração total dos ápices foi de 2.24 mm no sistema autoligável e 2.43 mm no sistema convencional. A distância intermolar foi estendida em 1.28 mm no sistema autoligável e 1.24 no sistema convencional e a extensão dos ápices foi de 0.60 mm no sistema autoligável e 0.52 mm no sistema convencional. O tempo total da retração e fechamento de espaço foi de 10.86 meses no sistema autoligável e 10.70 meses no sistema convencional, uma diferença insignifi cante clinicamente. Não houve perda de ancoragem das coroas dos molares em nenhum dos grupos e a inclinação de caninos e molares nos dois sistemas foi considerada semelhante.

O estudo de MONTASSER et al, 2014 investigou as diferenças entre autoligáveis e convencionais na relação perda de força durante simulação de retração canina guiada. Para esse estudo foram construídas réplicas em resina de um modelo da arcada superior, normalmente alinhada, de onde foram retirados o canino e o primeiro pré-molar direitos para a colocação de um sensor de testes do OMSS. Os bráquetes foram colados de 2º pré-molar a 2º pré-molar com adesivo de cianoacrilato, sendo utilizado um gabarito para padronizar o processo de colagem dos bráquetes e do sensor, que simulou o arco alinhado original. Três tipos de bráquetes foram escolhidos, convencional Victory Series e Mini-Taurus, autoligável SmartClip, Time 3 e Speed, e um convencional de baixa fricção Synergy, todos com slot de 0.022 polegadas combinados com três arcos retangulares de 019×025 polegadas e aço inoxidável, NiTi e Beta III Titanium. As ligaduras dos bráquetes convencionais utilizadas foram de aço inoxidável. O movimento guiado da retração canina foi simulado utilizando-se uma mola helicoidal fechada Sentalloy NiTi e força aproximada de 1N (± 100g) por uma distância de retração de 4 mm, repetido 20 vezes. Os resultados apontaram que a perda de força foi menor nos bráquetes Victory Series (35%) e SmartClip (37,6%) com fi o de aço e maior no Speed (73,7%) e Mini-Taurus (64,4%) com fi o de titânio; a perda de força aumentou 10% para cada bráquete em combinação com os diferentes fi os na sequência aço inoxidável, NiTi e beta III Titanium; os autoligáveis não apresentaram desempenho melhor que os convencionais, mesmo o bráquete Speed apresentando a maior perda de força com os três fi os utilizados. Constatou-se que não houve padrão de consistência na perda de força entre os dois sistemas.

O torque é um dos fatores chave mais importantes do tratamento ortodôntico, representando a terceira chave de oclusão descrita como inclinação bucolingual da coroa dentária. Um torque ideal está relacionado com uma orientação anterior correta, com uma distribuição adequada dos espaços no arco e sobressaliência e sobremordida apropriadas. O estudo retrospectivo in vivo de SFONDRINI et al, 2018analisou a efi cácia dos bráquetes convencionais, autoligáveis e alinhadores na expressão do torque, avaliando valores cefalométricos laterais de pacientes em tratamento ortodôntico utilizando os sistemas já mencionados. Este estudo teve como amostra 25 pacientes para cada sistema, totalizando 75 pacientes, com idade média de 25.5 ± 6.5 anos, índice médio 3 de necessidade de tratamento, dentição permanente, classe dental I ou classes II e III leves e necessidade de mudança de torque incisal superior, com ausência de: mordida cruzada posterior, classe III esquelética, deformidade esquelética grave, terapias ortodônticas anteriores, traumas cranianos/faciais e DTM. As radiografi as cefalométricas foram realizadas antes do início e após fi nalizado o tratamento ortodôntico, com obtenção dos traçados cefalométricos, que foram realizados pelo mesmo operador, nos dois períodos de tempo. O resultado do estudo não demonstrou diferenças signifi cativas (p>0.05) entre os três grupos ao avaliar os parâmetros esqueléticos e dentários no pré- tratamento; a variação da inclinação dos incisivos superiores e a capacidade de expressão do torque dos incisivos superiores avaliados nos dois momentos da análise, demonstraram que as medidas angulares 11^SnaSnp e ângulos 11^Ocl apresentaram maior variação numérica nos bráquetes convencionais. Os valores mais baixos foram encontrados nos alinhadores, mas as diferenças entre as três técnicas não foram signifi cativas.

O estudo retrospectivo de GASPAR RIBEIRO et al, 2012 analisou e comparou a efi ciência da correção do apinhamento mandibular entre os sistemas convencional e autoligável. Para esse estudo, foram selecionados 19 pacientes, divididos em 2 grupos aleatoriamente, sendo o grupo I com 10 pacientes (5 homens e 5 mulheres), idade média de

19.68 anos, com bráquetes autoligáveis Easy-Clip, slot 0.022×0.027 pol., e, o grupo II com 9 pacientes (7 mulheres e 2 homens), idade média de 20.98 anos, com bráquetes convencionais pré-ajustados 3M, slot 0.022×0.030 pol. ligados aos fi os por ligadura metálica. Todos os pacientes apresentavam má oclusão Classe I de Angle, apinhamento entre 5 e 12 mm, média de 8.2 mm, dentição permanente completa, exceto 3ºs molares, sem indicação de extração. O tempo médio de tratamento foi de 600 dia (1.7 anos aproximadamente) e seguiu a mesma sequência de arcos 0.013,

0.014, 0.016, 0.014×0.025 polegadas, NiTi 0.016×0.025, 0.019×0.025 polegadas e aço inoxidável 0.019×0.025 polegadas. O grau de apinhamento foi medido nos modelos de gesso iniciais, obtidos com moldagem com alginato e vazados em gesso, com ajuda de vibrador de gesso e articulados em intercuspidação com cera rosa nº7, utilizando-se o índice de irregularidades de Little RM e Fleming, medidos com paquímetro digital. os modelos foram obtidos no início do tratamento, 180 dias após o uso dos 3 primeiros fi os e depois do fi o 0.019×0.025 de aço inoxidável e o resultado não apontou diferenças estatisticamente signifi cantes na correção do apinhamento dentário durante a fase do alinhamento entre os dois sistemas de bráquetes.

DISCUSSÃO

Há uma concordância na literatura de que os bráquetes autoligáveis se tornaram bastante populares ao longo do tempo. No entanto, não enquadra uma novidade na ortodontia, visto que seu conceito foi apresentado em 1929 por Russel, que propôs um sistema de bráquetes que não precisassem de ligaduras elásticas ou metálicas (CASTRO, 2009; SATHLER et al, 2011; FABRE et al, 2015; PRIETO et al, 2016).

Não há estudos publicados sufi cientes que comparem o grau de desconforto dos pacientes em relação aos dois sistemas, convencional e autoligável. Foi encontrado apenas um estudo relevante que avaliou o grau de desconforto do paciente no alinhamento inicial, através de diário de desconforto, e o mesmo concluiu que não foram encontradas evidencias de que os bráquetes autoligáveis causam menos desconforto que os bráquetes convencionais (SCOOT et al, 2008).

Em se tratando de acumulo de placa bacteriana, há publicações em que os autores afi rmam que os bráquetes convencionais proporcionam maior acúmulo de placa bacteriana que os bráquetes autoligáveis (SATHLER et al, 2011; CASTRO, 2009), entretanto, outros afi rmam através de estudos que analisam a microbiota oral e a condição gengival e periodontal dos paciente em tratamento ortodôntico em ambos os sistemas, que não há diferença signifi cativa de acúmulo de placa entre os dois sistemas (FOLCO et al, 2014).

Quanto a reabsorção radicular, vários autores afi rmam que os bráquetes autoligáveis causem menos reabsorção radicular que os convencionais, mas, em controvérsia, há estudos publicados que analisaram radiografi camente o grau de reabsorção radicular antes e após o tratamento ortodôntico, afi rmando não haver diferença entre os dois sistemas (SATHLER et al, 2011; HADEM et al, 2016) .

Vários autores afi rmam que os bráquetes convencionais causam maiores atritos que os autoligáveis (ZANELATO, 2009; SATHLER et al, 2011; PRIETO et al, 2016), no entanto, um estudo avaliou os dois sistemas, seguindo a mesma sequência de arcos em ambos os sistemas, e comprovou que os bráquetes autoligáveis apresentaram menores valores friccionais que os bráquetes convencionais apenas com fi o 0.018×0.025 pol., e, nas dimensões de 0.019×0.025 pol. os bráquetes convencionais demonstraram menores valores friccionais que os bráquetes autoligáveis. Com os outros fi os não houve diferença s i g n i f i c a t i v a (REICHENEDER et al, 2008).

Fabre et al (2015) afi rma que os fi os ortodônticos de maiores secção tranversa tendem a provocar maior fricção superfi cial, sendo os arcos de NiTi, um dos que apresentam as melhores características em liberação de força. Esse fato é comprovado em estudo relatado por Francisconi et al (2016) que avaliou as forças de defl exão do arco de NiTi secção redonda de diferentes tamanhos em diferentes bráquetes dos sistemas convencional e autoligável, e demonstrou que o fi o 0.014 apresentou resultados irregulares em diferentes desvios, grande variação na diferença de valores de força e diferenças signifi cativas entre os diferentes tipos de dispositivos, sendo que os bráquetes autoligáveis apresentaram maiores forças em desvio de 2mm em comparação aos convencionais, gerando forças signifi cativamente mais altas, mas na defl exão de 3mm, apresentaram forças menores, porque fi os de menores diâmetros liberam forças menores; já os fi os de Nitinol de 0.018 e 0.020 pol. demonstraram maiores forças nos bráquetes autoligáveis passivos e, a partir de 1mm de defl exão, os bráquetes autoligáveis mostraram maiores forças que os demais.

Já em fi os de NiTi de secção retangular de diferentes marcas, aplicados nos dois sistemas, convencional e autoligável passivo e ativo, Higa et al (2016) relatou um estudo demonstrando que com esse tipo de secção os bráquetes autoligáveis liberam maior força do que os convencionais, e que os bráquetes passivos permitem maior liberdade do fi o no slot, reduzindo o atrito e liberando forças mais altas, enquanto que, em relação as forças de ativação e desativação geradas durante a defl exão de arcos de NiTi de primeira ordem e o controle rotacional dos fi os de NiTi Pesce et al (2014) relatou um estudo demonstrando que o aumento do tamanho do arco aumentava a força de defl exão, o que melhorava o controle rotacional principalmente nos autoligáveis, devido à ausência de ligaduras elásticas.

Em relação a retração canina, não foram encontrados estudos in vivo relevantes sobre o tema, apenas um relatado por Monini et al (2014) que buscou avaliar a velocidade de retração canina, perda de ancoragem e alteração na distância intercanina e intermolar entre bráquetes convencionais e autoligados, comprovando que no fi nal do tratamento de ambos os sistemas, não houve perda de ancoragem das coroas dos molares em nenhum dos grupos e a inclinação de caninos e molares nos dois sistemas foi considerada semelhante. No entanto, um estudo in vitro relatado por Montasser et al (2014) investigou as diferenças entre autoligáveis e convencionais na relação perda de força durante simulação de retração canina guiada, constatou que não houve padrão de consistência na perda de força entre os dois sistemas.

CONCLUSÃO

Com a análise dos estudos publicados comparando os dois sistemas de bráquetes ortodônticos, foi possível perceber que as diferenças entre os dois sistemas são sutis e pouco signifi cantes. A escolha por um ou outro sistema vai depender do conhecimento do operador em aplicar as técnicas corretas conforme o caso clinico a ser tratado, devendo considerar a aplicação de força certa e a sequência correta dos fi os ortodônticos conforme o sistema utilizado. Os bráquetes autoligáveis se tornaram muito populares, é um sistema confi ável, assim como os bráquetes convencionais, no entanto, não há estudos sufi cientes que justifi quem grandes vantagens em utiliza- lo diante de seu alto custo e tamanha propaganda apelativa, advinda principalmente dos próprios fabricantes.

CONFLITO DE INTERESSES

Os autores alegam não haver confl ito de interesses.

TRANSFERÊNCIA DE DIREITOS AUTORAIS:

O autor concorda com o fornecimento de todos os direitos autorais a Revista Brasileira de Pesquisa em Ciências da Saúde

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